quinta-feira, 18 de março de 2010

Resenha 1º e 2º Bequadro Acústico 13/03/2010 – Cuba Café e Divina Comédia

[Texto e fotos por Regis Vernissage]

Já se passavam poucos minutos das 15 horas, tarde ensolarada com calor irritantemente escaldante e o telefone toca. Com uma preguiça descomunal, atendo com reticência... “Regis, aqui é Finson Gallar. Estou com Ike na frente do Cuba Café e o pico ainda está fechado!”, falei-lhe então pra aguardar ao menos uns 20 minutos que já estava chegando (ok ok... levei 40 minutos pois precisava urgentemente de uma ducha gelada), e foi o tempo de lá chegar juntamente com o pessoal que abriria a casa (Sidão e toda sua simpatia) e com os outros Bequadros que trouxeram a mesa e PA necessários, conversar com os rapazes do vale que fariam seus primeiros sets acústicos na cidade do caqui e tomar algumas latas de cerveja estupidamente geladas para ver se amenizava o calor.

Após a passagem de som e muitos blahs com amigos queridos que chegavam aos poucos, Finson Gallar, de Taubaté, acompanhado por Marquinhos também no violão, pontualmente às 17h30 mostrou todo seu talento, força vocal e belíssimas melodias durante aproximadamente meia hora. Tocou músicas de seu novo EP como também outras disponibilizadas anteriormente em seu MySpace, porém infelizmente, no final de seu set, ele que tocaria também na Divina Comédia na mesma noite, passou mal e precisou ir embora – o que todos achamos melhor para sua saúde - devido ao fortíssimo calor que assolava Mogi no sábado.

O garoto Ike (Pinda) deu então sequência ao plano acústico do dia, tocando um repertório de sons bem elaborados – além do violão, ele também toca gaita quando não está cantando, o que nos remete diretamente a uma sonoridade Dylanesca em suas composições – e contando com a participação especial de Zé Ronconi (batera do Seamus) na percussão, mandou muitíssimo bem durante a meia hora na qual se apresentou no Cuba Café.

Os próximos – para nossa grata surpresa – foram os Fantoches, duo acústico composto pelos primos Charles Cabral e Elvis de Moura (ambos ex-Netos da Revolução) que capturaram os ouvidos mais atentos com suas melodias harmoniosas em belíssimas peças musicais, que na verdade são composições-solo de ambos, tocadas por ambos. Simples assim. Muito bacana o direcionamento tomado por eles, que mostra uma maturidade no processo de composição agregada ao já habitual sentimentalismo (nunca piegas!) que é exposto em suas letras.

E finalizando a noite no Cuba, o Cor-Séría (formado pelos também ex-Netos da Revolução Zelenski na bateria e Phael na guita, acompanhados por Daniel ex-Silente na guitarra e vocais), mostrou toda sua versatilidade tocando com formação de banda um set bem calmo, nos moldes que a noite acústica pedia, porém com uma sonoridade que remetia diretamente a Mogwai e Guided By Voices, além de atmosferas Sigur Róseanas e Slowdiveanas (cantando sempre em bom português).

Neste momento já se notava a quantidade de pessoas que havia no local sedenta por um formato “voz & violão” que não fosse a nossa boa e velha MPB, mas sim em busca de novos talentos que não precisam ficar copiando velhos estandartes. Mas como já eram quase 21h, era preciso recolher o equipo, acertar as contas e se preparar para estar na Divina, pois eu iria discotecar juntamente com a querida Giovana Machado (nossa Miss Jeejee) no que seria a parte 2 dessa noite acústica em Mogee Rock City.


=== INTERMEZZO ===

Neste meio tempo, nossos queridos amigos do Selo Sem Sê-lo e irmãos Elmo e Eder Odorizzi estavam fazendo também outro evento no Campus 6 e é lógico que no curto espaço de tempo que tínhamos, fomos até lá conferir. Infelizmente não pudemos ficar pra assistir o noise doido do Vicebuz com suas 2 baterias e a energia cortante e rasgante dos fellas mogianos do Conte-Me Uma Mentira (quem esteve lá e quiser se habilitar a falar sobre, fique à vontade para usar o espaço abaixo nos comentários), tínhamos tempo apenas pra primeira atração, que foi o excelente Hierofante Púrpura em sua nova – e que tudo indica definitiva – formação: Danilo Sevali no baixo e vocal, Hugo Falcão na batera e os recém chegados da europa Gabriel Lima reassumindo a guita e Diogo Menichelli agora nas percussões, gaita, backing vocals e barulhinhos doidos afins. Tocaram basicamente músicas do excepcional Adubado e do recente Crise de Creize em um setlist arrebatador que me deixou literalmente com a cabeça fora do lugar. Pena que neste momento eu não estava com a câmera para registrar o que foi esse show...
Saí do Campus extasiado e com vontade de “quero ficar aqui, porra!” mas como ainda tinha que trabalhar, achei melhor sair à Francesa (carregando comigo Ike, Giovana, Aninha e Camilona) rumo à Divina...

=== FINIS INTERMEZZO ===


Aterrisando na Divina Comédia, reencontro logo de cara algumas Janes Dopadas (a sempre deliciosa Nanda Azevedo, a Dudinha Freak que desta vez estava trampando de hostess na portaria e a incrível Déa Too Much Wine devidamente acompanhada de seu “ursinho” - ambos Bequadristas) além de vários amigos e amigas, com destaque para os sensacionais Mazola e Paulinho os quais tocaram comigo no jurássico Vernissage e não os via há séculos! Enfim, dei um salve pro Alê Giácomo e descobri logo em seguida que a noite seria mesmo especial. Devido à partida de Finson Gallar, o Cor-Séría ficou prontamente escalado para tocar em seu lugar, mas para dar início ao Bequadro Acústico na Divina Comédia, fomos surpreendidos por uma session “special guests”, servindo de entrada um set acústico da Maquiladora!

Claro que muitos presentes não estavam preparados, o que causou certo burburinho, mas nos 25 minutos que a Maquiladora sentou no banquinho com Thaís e Henrique empenhando seus violões, Andrea variando entre vassourinha na batera do Zelenski e a percussão que confeccionou com o Sr Ronconi, e Thania de posse apenas do micorfone e do banquinho, a gurizada presente na Divina pareceu estar numa catarse, tentando acompanhar sons conhecidos pela pegada Maquila de ser, reformulados para uma versão unplugged. Nessa aí, a Maquiladora se saiu muito bem!

Na sequência, devidamente divididos por sets de discotecagem mandadas pela minha pessoa, pela Miss Jeejee e até pela Nanda Azevedo (outra “special guest” da noite), tivemos um replay do que havia acontecido algumas horas atrás no Cuba Café:

O pindense Ike encantando quem não havia chegado a tempo de vê-lo executando anteriormente seus sons de ar psicodélico de ótimas melodias,


os Fantoches, sempre felizes, fazendo seu “folk ensolarado” com alta dose Grandaddyana e Belle and Sebastiana de ótimo contexto poético e frases cantadas em bom português para amigos e casais enamorados e pseudo-bêbados que não trocaram seus copos semi-cheios por cigarros naquele instante, e por fim (não que o fim fosse preciso naquele instante, mas uma hora ele tinha que acontecer),

uma apresentação recheada e gorda do Cor-Séría, fazendo desta vez o set completo de mais de 40 minutos com as guitarras menos contidas que a apresentação vista no Cuba, o que fez com que o fim de noite fosse realmente barulhento e “low-fi” em sua essência para os que ainda resistiam contra o sono, uma vez que já se passavam da 5h da matina quando terminaram seu set.

Foi uma experiência nova e satisfatória tanto pros parceiros do Cuba Café e da Divina Comédia quanto para o Coletivo Bequadro Mostarda realizar estes dois eventos acústicos no mesmo dia para públicos variados, e o melhor, recheados por outro evento sensacional no Campus 6, que resultou para a indie scene mogiana, no total: 11 apresentações de bandas independentes autorais divididas em 3 locais diferentes somando quase 12 horas consecutivas de apresentações! Praticamente uma “mini virada cultural”! Diga-me onde mais rola isso que eu quero conhecer esse lugar...

Então um gap no tempo me levou às 7h30 da matina na rodoviária de Mogi, óculos escuros vendo o astro-rei subir ao leste e aquele voyage há 15 anos abandonado no estaciona da rodô a oeste, fazendo um som no violão e sentado no banco de espera com o garoto Ike que, dazed, aguardava seu busão pra Taubaté e, de lá, pegaria outro pra Pinda. Palavras escassas, corpo pesado e a sensação plena de ter curtido mais umas 15 horas de roquenrol em Mogee Rock City.

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