Eis que se rasga o sachê. A mostarda suja a partitura e um novo rebento nasce sob o holofote da não-vaidade. Eis que se amplifica a dissonância da essência do universo, a microfonia da alma. Vestido de sua verdade e vontade, dá as caras, transgredindo em ideias e ações para a circulação e exposição do novo, seja na música, seja nas artes em geral. Eis o coletivo Bequadro Mostarda.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Último Lumière de 2010
JUNKBOX (Belo Horizonte)
ACTING ALONE (Pindamonhangaba)
MAQUILADORA (Suzano / Arujá / Mogi)
ESPASMOS DO BRAÇO MECÂNICO (São Bernardo do Campo)
THE WALKIE TALKIES (São Paulo)
Além disso, o pessoal do WE SHOT THEM vai estar expondo suas fotos, e registrando os melhores momentos da festa. A discotecagem fica por conta de Gabz e Cássio.
Vamos lá?! É neste sábado, 11/12 a partir das 20h.
A esbórnia será na Cervejaria Óbvio - Rua Prudente de Moraes, 222 Centro - Pinda, SP.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Imagens da noite de lançamentos @ Divina Comédia - TOPSYTURVY, SOMATA & LA CARNE
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Imagens do Festival Lumière @ Livraria da Esquina - EDIÇÃO NOV/10
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
SOMATA + TOPSYTURVY + LACARNE na Divina
E a festa será assim:
http://www.divinaclub.com.br/
Sábado: 20/11/2010 a partir das 23h Quanto: $10 ou $15 (com $8 consumíveis)
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Lumière Fest na Livraria da Esquina!
No sábado que está por vir, dia 13 de novembro acontecerá mais um LUMIÈRE FEST, mas dessa vez estamos de volta à cidade de São Paulo, antro de loucos, nerds, freaks, yuppies, mendigos, aliens, zumbis e faunos, e nos estabeleceremos na queridíssima LIVRARIA DA ESQUINA, local distinto e bem conhecido por todos.
Obviamente, recrutamos alguns artistas (com ou sem seus cigarrinhos) para fazer com que toda a noite valha a pena. As bandas que guturalizarão suas 'canções de amigo' serão:
TOPSYTURVY
THE WALKIE TALKIES
ACCIDENTS
MAQUILADORA
JANE DOPE
DJ Gabz ficará responsável por embalar os pedaços de carnes ambulantes entre um cu-junto musical e outro.
E claro, cada gafe, abraço, aperto de nádegas, flerte entre os do mesmo sexo (ou também do oposto, por quê não?), incontinência flatuálica ou urinária será registrada pelas lentes de KBÇA CORNETI, CAROL RIBEIRO e STEFANO MARTINS, que além de estarem armados por lá, apresentarão algumas de suas obras-primas.
Esse cartaz chiquérrimo é uma obra de Luis Meteoro, nosso 'astro' querido (sacou?!). Dêem uma olhada no portifa do mestre aí: http://www.luismeteoro.wordpress.com ou no supermodernoso: http://www.wix.com/luisnaressi/meteoro
Enfim, é o fim!
Beijos a todos, e nos vemos lá!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Agenda do Finde!
Vai me dizer que você está disposto a perder Jane Dope, Drama Beat e Jair Naves divindo o palco na mesma noite?! Pelamor...
Os detalhes sobre a localização do Formigueiro estão no cartaz; é só clicar nele que a coisa toda se amplifica de tamanho, em prol daqueles que não enxergam as minusculosidades!
Abraços e beijos a esmo!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Imagens do Festival Lumière @ Divina Comédia - EDIÇÃO OUT/10
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Festival Lumière @ Divina Comédia - EDIÇÃO OUT/10
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
RESENHA: MAQUILADORA & JANE DOPE EM BELZONTE – 02/10/2010
Texto: Regis Vernissage
CENA 1: A PREPARAÇÃO
12h. Foi em frente ao Yázigi em Mogi onde me encontrei com o Henrique Resek sábado último, nublado, típico do início da primavera. Foi na casa do mesmo que pegamos Thania Deise, sua mochila e os formulários de justificativa que teoricamente necessitaríamos para o domingo vindouro. Foi no caminho para Suzano que tudo parou pela primeira vez, por causa do asfalto recapeador e, por que não, eleitoreiro. Mas essa informação a gente procura abstrair. Quase 1h depois, chegamos são e salvos e sem quaisquer sinais de piche para pegar Andrea Marques e Zé Ronconi. O Coletivo Bequadro Mostarda estava pronto para seguir estrada rumo a Belzonte, mas quem iria tocar era Maquiladora e Jane Dope, ambas em trio. Sacou?CENA 2: A ESTRADA (Parte I)
13h30. Chuvinha fraca & tempinho bunda. A rádio que noticia (do verbo ‘noticiar’) o trânsito avisa logo de cara que uma carreta tombou na Fernão Dias, mas a gente é rockeiro teimoso e tudo corre suave até Mairiporã, onde damos de frente com a tal carreta sendo desvirada pelos amarelinhos da concessionária. Visão ácida que causou a segunda parada. Vimos até um “minduim” (designação mineira para ‘policial’) da rodô federal ali em cima do morro intencionando talvez brincar de escorrega no papelão morro abaixo, vai saber. 15h no relógio, muito bate-papo e bom som fizeram a trilha sonora da última ligação recebida em território paulista. Tratava-se de queridíssimos bêbados da noite anterior e groupies tresloucadas da Jane e da Maquila que insistiam na boa e velha máxima: “Boa Viagem e vão com cuidado!”... é muito amor PLOC PLOC agregado, coisa linda. Alguns postos adiante, conversas sobre artistas (e seus cigarrinhos), vinhos, muitas risadas e alguns planos para a dominação do (sub)mundo foram tema constante da “road trippin with my favourite allies”. Quando a companhia é boa, a trip é agradável e não haveria como ser diferente. 21h foi o horário em que já estávamos na Av. Amazonas rumo ao Bar Matriz, na aprazível Belzonte.
CENA 3: A APRAZÍVEL BELZONTE
A aprazível Belzonte, cidade ampla de amplas ruas, grandes árvores e belíssimas mulheres, nos recepcionou com um calor de 25° às 21h30 e ao parar o carro no sinal vermelho, já em frente ao pico, eis que um corpo magricelo cheio de decalques, mini alargadores em ambas orelhas e um cabelo curtinho de tonalidade amarela se joga LITERALMENTE para dentro do carro através do vidro aberto do condutor Henrique, soltando um grito nada contido. Pelas características do rapaz, descobrimos imediatamente que se tratava do incrível Cris Lima, que foi nosso host e guardião durante nossa estadia na cidade. Imediatamente estacionamos o carro, descarregamos o necessário, e seguimos o Cris para uma (digo duas, digo três) cervejinhas num barzinho logo ali. Na volta pro pico, aparecem os não menos incríveis Mari e Jubão com sua guita a tira colo e que havia feito níver no dia anterior e ganhou de presente da puta até uma garrafa de merlot chileno. Mas isso não ia ficar de graça não, ia ter que chupar a puta, mermão...
CENA 4: IV BH INDIE MUSIC NO MATRIZ
A noite terminaria e começaria com bandas locais. A Bilbel que fechou a noite fez um som bem calmo e melódico remetendo a Doves e Verve e a Pão de Queijo On The Road (nome genial) que abriu a noite, brincou com influências regionais de vocais em português e inglês e que agradou bastante com seus 6 integrantes e sua grande flexibilidade rítmica. A segunda banda foi a ótima Babi Jaques & Os Sicilianos de Recife que deu um clima “Poderoso Chefão” ao ambiente, não pelos sons quase que ‘jazzados/rockísticos’ mandados por eles, mas pelo visual impecável de seus integrantes. Coisa fina. E na vibe Alto-Tietê tocaram coladinhas as 2 bandas suzanenses convidadas: as mogianas Jane Dope e Maquiladora, tudo em power-trio.O set da Jane Dope teve algumas surpresas – sim, a puta foi carregada de preservativos pra Beagá: logo no início do set a cena bizarra da noite: um ser “popozuda” apareceu bem no começo, no meio da gurizada, rebolando passos funk descarados e roçando o “popozão” na barra que dividia o palco da galera... disseram que a puta (no caso, a Jane) teve orgasmos múltiplos com a cena da popozuda, mas devo ter perdido essa parte... boa surpresa foi o primeiro show com o novo baixista Zé Ronconi (na verdade ele é um puta baterista, mas o menino anda respirando outros ares) que segurou de boa a parada toda com uma suavidade natural de dar gosto pra mamãe. Outra parada muito legal que rolou com a puta foi o convite feito, lá pelo meio do set, ao nosso brother Juliano Jubão (leia-se Curved, Coletivo Pegada) pra subir no palco com sua guita pra fazer junto conosco a HAT e da Sadness, uma participação especialíssima assim tipo presentinho de níver. Taí Jubão, chupou a puta gostoso! Ficou pra história desde sempre...
Já para a Maquiladora, tocar pela 4ª vez em Minas foi a própria tranqüilidade imperante e a certeza de que todos que estivessem distribuídos pela casa, ficariam na beira do palco babando pela beleza musical proporcionada por Andrea, Thania e Henrique – esse power-trio infernal que rodou mais de 650km pra chegar em BH e teve a manha de fazer um set apenas com músicas novas (digo e repito: MUD é a próxima Too Much Wine!), mesmo tendo uma discografia de 3 cds nas costas. É claro que a Thaisera faz falta pra caraleo (dizaê, Cris!), mas enquanto ela estiver na Berkley, esses 3 guerreiros do rock vão continuar dando seus pulinhos e encantando todos ao seu redor, fazendo com que todos lhe sigam no melhor estilo “Flautista de Hamelin”.
4h30. Fim de festa, empanturrados de lasanha e coca-cola (Malu Aires, a idealizadora do BH Indie, nos tratou muitíssimo bem, obrigado, e publicamos aqui nossos mais sinceros agradecimentos) rumamos para o Formule 1 aonde uma dezena de coisas iria ainda acontecer até umas 7h: check-in & check-out Maquilático com 2 putinhas “convidadas” pra subir no quarto, participação tardia de Serginho Mallandro, rá! em banho noturno, estrondos do trovão que impediu o sono coletivo, socos na parede indignados de uma mente cansada e o feto de ET abortado pelo nariz privada adentro... cenas corriqueiras, enfim.
CENA 5: JUSTIFICANDO A OBRIGAÇÃO & A ESTRADA (Parte II)
Henrique - na posição em que podem ver aí (sim, dirgindo).
Andrea - Às vezes introspectiva, às vezes falando, com sua fiel companheira, a "bombinha Alenia", enfim: Andrea!
Regis - Excelente companhia para uma viagem dessas! 14 horas ininterruptas de constantes conversas incessantemente intermináveis até o destino final, no maior estilo ‘se eu não durmo ninguém dorme’.
Zé - Não vai dormir muito, mas se dormir, ouviremos o ‘Estrondo do Trovão’
Thania - ZZZzzzzzZZZZZzzzzZZZZZzzzzzZZZzzzz, afinal, não há Regis que a desperte!
sábado, 18 de setembro de 2010
Agenda do Finde
Fica a dica!
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
RESENHA: FESTIVAL LUMIÈRE @ CERVEJARIA ÓBVIO – PINDACITY – 11/09/2010
B de Beck
C de Hei Claris
Dá um teco desse mulek!
Tipo Giconda, ti-tipo Gioconda”
Foi nessa vibe “Cabeçuda” que a trip pra Pinda rolou suave ao encontro de mais um Festival Lumière, o terceiro de 2010 a acontecer na Cervejaria Óbvio – nossa casa no vale. E conforme o esperado, muita coisa aconteceu para todos os lados. Uma paz quase angelical pairava naquela esquina da Prudente de Moraes enquanto a carioca El Efecto passava o som e as primeiras almas chegavam para suas cervejas de sábado. A lua, belíssima por sinal, apontava no céu como se fosse “o gato que ri” com uma estrela brilhando forte logo abaixo do seu sorriso, impressão que remetia a um piercing no queixo da lua sorridente. Mor brisa.
Após longas e prazerosas dezenas de minutos de conversa com a amada sob esta imagem que mais parecia filme romântico ao invés de uma balada rocker, fomos advertidos que a Jane biscate abriria a sessão da noite, e qual não foi nossa surpresa ao olhar ao redor e sacar repentinamente que a casa já estava bem cheia, mesas de bilhar ocupadas, banheiros com filas mistas e o bar já sem lugar para apoiar o cotovelo! Arrastei a Fer pro backstage para afinar os instrumentos, quando na verdade a minha intenção era outra, mas isso é um pequeno detalhe.
“É o Goethe, é o Goethe, é o Goethe...
Li tudo do Leon Tolstoi, tudo do Leon Tolstoi, tudo do Leon Tolstoi
Surra de Schubert! Surra de Shubert!”
Um dos lances da noite já se deu logo de cara com a Jane Dope. Como o guita Eder não pintou pro rolê, a puta desencanou de vez e foi macho até o osso, resolvendo a fita como power-trio, e digo que funcionou pacas! O carinha esquisito que toca guita e canta e a batera que também canta (além de fazer um “maquilafreela”) se entrosaram de forma que pudessem dar de presente pra baixista Nanda uma despedida à altura da classe que esta sempre teve. Sim, foi o último show dela com a puta, fato que não impede que ela apareça em futuros shows... Enfim, fazer auto-análise é sempre uma pretensão ao egocentrismo, mas como isso nunca irá acontecer por aqui, apenas passo um recado da biscate: diz ela que já deu de 5, de 4 e adorou essa história de dar de 3! Mais cenas no próximo capítulo.
Outro lance que rolou na noite faz menção direta à Maquiladora que fez sua primeira apresentação também como power-trio (será uma tendência?) onde mostrou toda a versatilidade que esta formação mais enxuta permite num setlist rápido de 6 sons onde todo o material anterior fora suprimido em prol das novas composições, já visando este formato em trio, e isso parece ter feito muito bem para a banda, pois as músicas estão partindo para um terreno mais experimental onde elementos e divisões (principalmente rítmicas) que eram impensáveis há tempos atrás, aparecem como uma fluência natural no curriculum da banda. Tenho uma palavra simples que acaba sintetizando de uma forma bem mais prática o que está acontecendo com a Maquiladora: maturidade.
Enquanto uma galera contemplava as capturas dos fotógrafos Stéfano Martins, Carol Ribeiro e KBÇA Corneti que descansavam perto das mesas de bilhar, os rapazes sangue bom da carioca El Efecto preparavam o palco para o que estava por vir. Um verdadeiro caldeirão musical coberto de referências que vão do ska dos anos 60 ao barulho pesado dos anos 90, tudo isso temperado com muita cor de tonalidade sonora e conteúdo lírico 100% brasileiros. Agrega-se à formação clássica rocker (guita, baixo, batera) um cavaquinho, trompete e até flauta doce que fazem toda a diferença nos links em que são inseridos e tudo funciona perfeitamente bem na estética da banda. Foram muitíssimo bem recepcionados pelo público local que recebeu em troca ótimos souvenirs cariocas, que foram os sons da El Efecto.
Mais uma pausa pro chiclete quando a inacreditável Vincebuz solta suas primeiras notas que levam a epifania coletiva a entender finalmente a razão de se colocar dois bateristas, um de frente para o outro (de lado para a galera), utilizando-se do mesmo bumbo, no sutil palco da Óbvio. Arriscaria dizer que foi uma catarse controlada com base nas expressões que vi das pessoas presentes, tipo saca aquela vibe de assistir aquele filme lado bezão sabendo que o filme é bom demais, que o diretor é fodão, mas que você só não foi ainda porque não estava passando na sua cidade, saca? Porém Vincebuz é muito mais que isso, é (muito) peso, é (muita) viagem, é (muito) ruidinho, é (muito) efeito infernal, é (muito) bom enfim.
E fechando desta vez, a local Hit Cinema Show mostrou um set bem conciso com sua atual formação (são 6 malucos em cima do palco mermão, vai vendo...) onde seus sons de eflúvios hardcore e metal se misturam com naturalidade a expoentes máximos da boa música contemporânea, como no caso de Inner Vision do System of a Down, versão muito bem executada pelos Pindenses que inclusive estão com um trabalho bem bacana de vozes.
Pessoal de Mogi apareceu em peso, como também uma boa galera de Pinda, além de um povo de Sampa. No final é tudo “rockerada-irmão”. Graças a essa gurizada é que o Festival Lumière continuará firme e forte, rondando e sondando novos e tradicionais picos e bandas. Aí quando você menos espera já são 5 da manhã, tudo acertado, todos felizes e com sono, comendo o bom e velho x-salada noturno, quando repentinamente um trecho lhe vem à cabeça, e a risada sequelada será inevitável:
“Português herói, navegante é o Cabral
Para tudo terra a vista, o bonde segue sua nau
Segue sua nau, o bonde segue sua nau
Segue sua nau, o bonde geral na nau...”
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Clique no nome das bandas pra dar uma sacada:
Vincebuz
Hit Cinema Show
Maquiladora
Jane Dope
E também visite o Flickr dos retratistas e veja o trabalho deles. Digno, no mínimo:
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Agenda do Finde - 04/09/2010
O INI fez show pouco tempo atrás com os comparsas da Curved em BH e um retrato legal do que rolou tá disponível no site dos fellas do Coletivo Pegada, se liga como foi.
Nos encontramos em peso neste sábado na Divina.
Abraços BequadroMostárdicos
terça-feira, 31 de agosto de 2010
LUMIERE FEST EM PINDA CITY!
As informações estão no cartaz, elaborado pelo gentil e serelepe Gabriel Ronconi, mas nunca é demais salientar:
O motim se dará no dia 11 de setembro (data bem representada pela siamesas da arte concordam?), na Choperia Óbvio, casa pindense famigerada, a partir das 20h, e as pessoas serão estimuladas a sugestíveis encoxadas ao som das bandas:
Vincebuz
El Efecto
Hit Cinema Show
Jane Dope
Maquiladora
Além das bandas, os ritos urbanos noturnos terão como trilha a seleção dos DJs Gabriel Ronconi e Cassio.
E por último, mas não menos importante, as pessoas poderão prestigiar os registros de momentos únicos que marcaram a história do rock independente do Alto Tietê, Vale do Paraíba e Capital sob a óptica dos fotógrafos Stefano Martins, Carol Ribeiro e Oswaldo 'Kbça' Corneti.
Enfim, vai perder essa?!
Nos vemos em Pinda!
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
FAIXA-A-FAIXA: Glassbox - The Children Object Box
Arestas cortantes de uma caixa vítrea
[Parte 1 - Uma breve introdução hipnótica]
Na resenha de um dos últimos shows do Glassbox (produzida pelo nosso caro Fukuda, da banda Espasmos do Braço Mecânico) “hipnótico” foi um dos termos utilizados como referência à sonoridade do trio. Acho que foi um tiro certeiro para definir a música deles em um adjetivo.
Felizmente, a complexidade ali vai longe. Adiei bastante esse faixa-a-faixa por não saber, até agora, como traduzir em palavras o que se passa no The Children´s Object Book. Um nome um tanto peculiar, relacionados às belas imagens do encarte e talvez à prosa poética que se estende ao longo das dez faixas pulsantes desse álbum de estréia – um retrato sobre a crueza das relações humanas objetais, a busca por uma saída em meio ao caos interior, a confusão e o deslocamento social - um retrato sobre o que nos aguarda após a infância.
Detalhes necessários a se comentar nessa introdução. Percebe-se claramente uma extensa pesquisa de timbres, sonoridades e efeitos dos mais variados como em poucas bandas hoje em dia (que se contentam em ligar seus instrumentos no volume máximo, destituindo a música de qualquer variação dinâmica ou sensorial).
The Children´s Object Book parte de uma construção criativa que inclui insights extraídos de livros, músicas, reflexões sobre o mundo interior e exterior. Mas para entender o mundo do Glass deve-se olhar por outro prisma, pela brecha entre o real e o onírico, espaço que não pode ser apreendido apenas pelos cinco sentidos. Adentremos o obscuro e claustrofóbico interior da caixa de vidro.
[Parte 2 - Abre-se o livro]
Glassbox tem um “q” de: catártico, teatral, noturno, tenso, dramático, visceral, agressivo, austero.
No som deles toca: The Sound - P.I.L. - Uk Decay - The Birthday Party - Television - The Passions - My Bloody Valentine - T-Rex - REM - Echo & the Bunnymen.
Automaton
Logo nos primeiros segundos de audição pode-se pressentir que o baixo será vigoroso ao longo do álbum, carregando um timbre denso e macio. Em Automaton, a guitarra pontua a música com seus agudos, enquanto a voz flui em um tom automatizado durante o primeiro verso. Num grito repentino a bateria se desconstrói, trazendo algo de dramático na continuidade da música. A tensão aumenta e as viradas de caixa interpostas entre os compassos parecem pedras no caminho, unido-se a um contorcido flanger na medida em que toda a automação se revela uma fonte de angústia e impaciência. O fim não existe, é quebrado irregular. Não tem ponto, apenas vírgula.
Short Cut
Com uma das belas melodias que vão desenhar o The Children´s Object Book, Short Cut traz uma guitarra com acordes cheios junto a um baixo distorcido e ruidoso ao fundo, como a voz indefinida de uma consciência. Quando os graves das quatro cordas morrem e levam consigo a “introdução”, os agudos da telecaster e um chimbal cristalino entram puxando-o de volta em um ritmo etéreo. O baixo permanece circulando incessantemente, criando um contraste entre sua sutileza e a beleza da melodia principal. O vocal pontua alguns pensamentos até que chegamos perto do desfecho, quando a bateria entra numa taquicardia musical. Short Cut fecha-se num grito espasmódico, um corte na garganta sem misericórdia, sem mais.
Promenade with the Same Reflection
Com uma das baterias mais interessantes do disco - apesar de não ser a mais complexa – Promenade traz uma (de)cadência de tons na linha de bateria muito bem pensada. A guitarra segura agudos e desfaz a melodia em ruídos estranhos, numa atmosfera de medo criada no segundo plano. Não há um casamento nítido entre os três instrumentos, parecem repetir frases distintas dentro de um mesmo tema. Segue tensa, se alonga e não muda, indiferente a nossa ansiedade.
Foolish Hunt
Um arpejo rápido abre a caçada sonora de Foolish Hunt, que vem com toda a força destrutiva do post-punk. Baixo e guitarra conversam no início, em um jogo de graves e agudos bonito de se ouvir. Tem algo de dançante na sua intensidade acelerada, puxada pela elevação de tom dos vocais no seu desenvolvimento. Linear e repetitiva, “walk fast in line”. A “interferência” de viradas na caixa por vezes quebra sua estabilidade, mas não desvia o tiro do alvo certo.
The Second Hollow Man
No rufar de bateria se anuncia uma das músicas mais instigantes desse álbum. Com uma face urbana de centros perdidos e cinzas que se desdobram em mundos paralelos, reflete a solidão dos transeuntes circulando incessantemente sem saber aonde ir. A repetição do baixo cria uma certa angústia, algo que se transforma quase em uma marcha na bateria dos minutos finais - uma caminhada sem rumo, liderada pela força onipresente de uma liberdade ilusória. A voz segue como um mantra, um único som reverberando pelas massas. O bumbo espaçado que se aproxima do fim soa como batidas à porta, amplifica o medo, a perseguição por algo indecifrável. George Orwell entenderia essa música. Seria o fim ou apenas o início do terror?
Behind Backalley Sounds
Em um ritmo ainda mais tribal, Behind Backalley Sounds tem algo de sagrado e antigo. Com mudanças inesperadas em mais uma música na qual não se pode definir verso ou refrão – a banda ganha muitos pontos nesse aspecto - o vocal desenvolve a melodia envolto na textura criada pela guitarra. Se o imprevisível tivesse uma sonoridade seria esta. Se os fantasmas dentro de cada um de nós pudessem falar, teriam essa voz.
New Eastern Mirage
Nessa faixa a bateria eletrônica faz com que a densidade sonora esmoreça um pouco, mas os outros instrumentos continuam a se garantir perfeitamente. A guitarra se arrasta por slides circulares criando outra dimensão - parece ecoar de um lugar obscuro dentro da memória. A melodia dela, alias, completa o sentido de miragem e se destaca com grandiosidade. Parece uma lamúria ancestral, um lamento coletivo. Termina do nada. Apaga-se.
Homilia
Começa de forma estranha. Ainda com bateria eletrônica, que nela ganha um novo sentido junto ao teclado. Os agudos e variações inesperadas na ótima melodia do baixo remetem a Peter Hook, David Haskins, citando apenas alguns dos que fizeram história com esse instrumento. Parece uma tempestade prestes a desabar, no sentido figurado ou não. Tempestade que queima em estranhos efeitos no seu encerramento.
Castway´s Lament
Nessa altura do disco achamos já ter ouvido de tudo. Ledo engano, eles continuam experimentado. Nessa faixa, de um tempo estranho e quebrado, a baixista Rosangela Fernandes joga seus vocais pela primeira vez no álbum. Sua voz quase andrógina lamenta e lamenta, o nome já diz, porém num tom relutante, inconformado. Em sua solitária ouvem-se apenas ruídos ásperos feitos de cimento, chumbo e microfonia.
South Plane Way
A última faixa fecha o disco de forma brilhante, numa melodia com “cara de final”. Não faço ideia de como se atinge essa sensação musicalmente falando, mas eles conseguiram. Em meio a tantas incertezas, seres deslocados, solidões e lamentos, o vôo vai longe e termina em queda livre no precipício. A última súplica à vida tem algo de feliz, talvez por resultar do próprio “desejo de Ícaro”. Fecha-se com um grito cortante para o além. Disco não recomendado a pessoas com problemas no coração, no sentido concreto e muito, muito além dele.
[Parte 3 - Vidro sobre vidro - o processo de criação]
Cris Tavelin: De onde partiu a idéia do nome Glassbox?
Michael Chalmer (vocalista, guitarrista e tecladista): De uma conversa sobre caixas cheias de rosas... Ou a verdade aprisionada numa caixa de vidro... Na primeira formação da banda. Já faz algum tempo.
CT: Como se deu o processo de composição do The Children’s Object Book?
MC: Sessões de improviso, leitura, evocações sensoriais sobre as letras, muitas discussões... E algumas intervenções de cinema mudo (risos).
CT: Por que esse nome foi escolhido para o álbum?
MC: Pelo propósito do paralelo feito entre os “objetos das crianças” e pessoas que se tornam ou não se importam em ser objetos de outros.
CT: O álbum gira em torno de algum conceito específico, tem uma linearidade, ou as canções são independentes entre sí?
MC: Um conceito poderia ser “futilidade humana”, mas preferimos que quem venha a ouvir este álbum tenha seu próprio entendimento... Linearidade talvez não. Não pensamos muito nisso quando criamos tudo! (risos) Mas todas têm foco nos nossos sentimentos mais extremos...
CT: Quais as principais referências para melodias e letras desse álbum?
MC: Ow...! Referências para melodias?! (risos) Vamos ver... Mussorgsky talvez. Algo de P.I.L.; Sons de cristais tilintando com o vento em contraponto ao apito grave de navios e fábricas cinzentas... E as letras são sobre tudo o que sentimos e que nos incomoda como, por exemplo... frieza humana e estupidez por opção...! (risos)
CT: Como foi a criação da capa? Qual a ligação dela com as músicas do álbum?
MC: A capa foi elaborada com ideias retiradas de livros didáticos infantis bem antigos e fotos feitas por mim, Michael, e pela Rosangela, como a da contra capa, em que aparecem instrumentos musicais de brinquedo (mas que tocam de verdade...). A capa propõe uma conotação sobre possuir coisas e outros indivíduos, e talvez a gratuidade e desdém deste ato. Nossas músicas tratam sobre isso também...
CT: Vocês ainda escutam esse álbum nas horas vagas? Qual a avaliação que têm dele? Conseguiram atingir o objetivo inicial?
MC: Quase nunca. Preferimos tocá-lo... (risos). Acho que o álbum poderia ser melhor tratado tecnicamente, mas quanto as músicas em si, estão exatamente como queríamos...!