quarta-feira, 15 de setembro de 2010

RESENHA: FESTIVAL LUMIÈRE @ CERVEJARIA ÓBVIO – PINDACITY – 11/09/2010

BANDAS: JANE DOPE / MAQUILADORA / EL EFECTO / VINCEBUZ / HIT CINEMA SHOW


“A de Arcade Fire
B de Beck
C de Hei Claris
Dá um teco desse mulek!


Tipo Giconda, ti-tipo Gioconda”

Foi nessa vibe “Cabeçuda” que a trip pra Pinda rolou suave ao encontro de mais um Festival Lumière, o terceiro de 2010 a acontecer na Cervejaria Óbvio – nossa casa no vale. E conforme o esperado, muita coisa aconteceu para todos os lados. Uma paz quase angelical pairava naquela esquina da Prudente de Moraes enquanto a carioca El Efecto passava o som e as primeiras almas chegavam para suas cervejas de sábado. A lua, belíssima por sinal, apontava no céu como se fosse “o gato que ri” com uma estrela brilhando forte logo abaixo do seu sorriso, impressão que remetia a um piercing no queixo da lua sorridente. Mor brisa.

Após longas e prazerosas dezenas de minutos de conversa com a amada sob esta imagem que mais parecia filme romântico ao invés de uma balada rocker, fomos advertidos que a Jane biscate abriria a sessão da noite, e qual não foi nossa surpresa ao olhar ao redor e sacar repentinamente que a casa já estava bem cheia, mesas de bilhar ocupadas, banheiros com filas mistas e o bar já sem lugar para apoiar o cotovelo! Arrastei a Fer pro backstage para afinar os instrumentos, quando na verdade a minha intenção era outra, mas isso é um pequeno detalhe.

“É o Goethe, é o Goethe, é o Goethe...
Li tudo do Leon Tolstoi, tudo do Leon Tolstoi, tudo do Leon Tolstoi
Surra de Schubert! Surra de Shubert!”


Um dos lances da noite já se deu logo de cara com a Jane Dope. Como o guita Eder não pintou pro rolê, a puta desencanou de vez e foi macho até o osso, resolvendo a fita como power-trio, e digo que funcionou pacas! O carinha esquisito que toca guita e canta e a batera que também canta (além de fazer um “maquilafreela”) se entrosaram de forma que pudessem dar de presente pra baixista Nanda uma despedida à altura da classe que esta sempre teve. Sim, foi o último show dela com a puta, fato que não impede que ela apareça em futuros shows... Enfim, fazer auto-análise é sempre uma pretensão ao egocentrismo, mas como isso nunca irá acontecer por aqui, apenas passo um recado da biscate: diz ela que já deu de 5, de 4 e adorou essa história de dar de 3! Mais cenas no próximo capítulo.


Outro lance que rolou na noite faz menção direta à Maquiladora que fez sua primeira apresentação também como power-trio (será uma tendência?) onde mostrou toda a versatilidade que esta formação mais enxuta permite num setlist rápido de 6 sons onde todo o material anterior fora suprimido em prol das novas composições, já visando este formato em trio, e isso parece ter feito muito bem para a banda, pois as músicas estão partindo para um terreno mais experimental onde elementos e divisões (principalmente rítmicas) que eram impensáveis há tempos atrás, aparecem como uma fluência natural no curriculum da banda. Tenho uma palavra simples que acaba sintetizando de uma forma bem mais prática o que está acontecendo com a Maquiladora: maturidade.


Enquanto uma galera contemplava as capturas dos fotógrafos Stéfano Martins, Carol Ribeiro e KBÇA Corneti que descansavam perto das mesas de bilhar, os rapazes sangue bom da carioca El Efecto preparavam o palco para o que estava por vir. Um verdadeiro caldeirão musical coberto de referências que vão do ska dos anos 60 ao barulho pesado dos anos 90, tudo isso temperado com muita cor de tonalidade sonora e conteúdo lírico 100% brasileiros. Agrega-se à formação clássica rocker (guita, baixo, batera) um cavaquinho, trompete e até flauta doce que fazem toda a diferença nos links em que são inseridos e tudo funciona perfeitamente bem na estética da banda. Foram muitíssimo bem recepcionados pelo público local que recebeu em troca ótimos souvenirs cariocas, que foram os sons da El Efecto.

Mais uma pausa pro chiclete quando a inacreditável Vincebuz solta suas primeiras notas que levam a epifania coletiva a entender finalmente a razão de se colocar dois bateristas, um de frente para o outro (de lado para a galera), utilizando-se do mesmo bumbo, no sutil palco da Óbvio. Arriscaria dizer que foi uma catarse controlada com base nas expressões que vi das pessoas presentes, tipo saca aquela vibe de assistir aquele filme lado bezão sabendo que o filme é bom demais, que o diretor é fodão, mas que você só não foi ainda porque não estava passando na sua cidade, saca? Porém Vincebuz é muito mais que isso, é (muito) peso, é (muita) viagem, é (muito) ruidinho, é (muito) efeito infernal, é (muito) bom enfim.


E fechando desta vez, a local Hit Cinema Show mostrou um set bem conciso com sua atual formação (são 6 malucos em cima do palco mermão, vai vendo...) onde seus sons de eflúvios hardcore e metal se misturam com naturalidade a expoentes máximos da boa música contemporânea, como no caso de Inner Vision do System of a Down, versão muito bem executada pelos Pindenses que inclusive estão com um trabalho bem bacana de vozes.



Pessoal de Mogi apareceu em peso, como também uma boa galera de Pinda, além de um povo de Sampa. No final é tudo “rockerada-irmão”. Graças a essa gurizada é que o Festival Lumière continuará firme e forte, rondando e sondando novos e tradicionais picos e bandas. Aí quando você menos espera já são 5 da manhã, tudo acertado, todos felizes e com sono, comendo o bom e velho x-salada noturno, quando repentinamente um trecho lhe vem à cabeça, e a risada sequelada será inevitável:

“Português herói, navegante é o Cabral
Para tudo terra a vista, o bonde segue sua nau
Segue sua nau, o bonde segue sua nau
Segue sua nau, o bonde geral na nau...”

4 comentários:

  1. Putz, tivemos a mesma brisa com a lua indo pra Pinda, rs

    Parabéns à Jane por ter sido macho suficiente pra fazer o show continuar. E o Maquiladora me surpreendeu, gostei muito das músicas novas! (fiquei com a segunda do set uns dois dias na cabeça, rs)

    bjs!

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  2. Achei a descrição perfeita, foi um rolê cheio de amigos, músicas boas e uma lua de sorriso de gato.

    Todas as bandas representaram muito bem, a Jane e a Maquila foram surpreendentes!

    Beijos Mil Galerê Mostardiana.

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  3. Uh BEQUADRO REPRESENTA!
    foi uma massa! Valeu as palavras Régis, tamo junto guerrero!
    Valeu tb a acolhedora Cervejaria Óbvio!

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  4. Ufa!! Não foi nada fácil completar o repê novo de SETE sons!! RrsSS! Valeu pelo carinho de sempre! =D

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