quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Violeta de Outono em Mogi

Foi no dia 09/06/2006 a primeira passagem do Violeta de Outono em Mogee das Creizes, em apresentação antológica no Teatro Vasquez na turnê de seu álbum ILHAS, a qual reproduzimos abaixo em texto publicado, na época, para o extinto site do projeto "Peqeno Mudo".

Pra quem não foi, vale a lida pra sacar o que é uma apresentação dos caras. E pra quem foi, vale relembrar. É claro que na apresentação de hoje, também no Vasquez, o Bequadro marcará presença... Imperdível, oras!

Texto e fotos: Regis Vernissage

O lendário Violeta de Outono, uma das mais representativas bandas dos anos 80 e uma das poucas que não sucumbiram aos apelos sufocantes impostos pelas gravadoras “mainstream”, passou pela primeira vez na cidade neste final de semana graças a uma iniciativa do mogiano Fernando Cardoso em parceria com a Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes. Eis aqui o relato exclusivo do Peqeno Mudo – único veículo presente no local para cobertura deste raro momento.


Formada por Fábio Golfetti (guita/voz), Claudio Souza (bateria), Gabriel Costa (baixo) e o já citado Fernando Cardoso (teclados), a banda fez uma apresentação antológica de quase 2 horas no Theatro Vasquez (antigo Municipal) para os poucos sortudos que lá encontravam-se, em torno de 70 pessoas.

Logo de início a longa intro capitaneada pelo teclado “Wrightiano” de Fernando Cardoso anunciaria, ainda de cortinas fechadas, a lisergia que seria a apresentação. Fez-se dela então a bela Noturno Deserto devidamente emendada pelo maior hit do VDO, Dia Eterno (ambas do primeiro álbum, auto-intitulado) que, com a batera certeira de Claudio Souza, foi recebida calorosamente pelo público presente.

A qualidade de som estava incrivelmente nítida, a sensação que tínhamos era de estarmos sentados na poltronas de nossas casas assistindo a um DVD da banda num sistema de Home Theater, tamanha era a definição e qualidade alcançada pelos músicos. Arrepiante, onírico, inesquecível!

Após mandarem Blues, ótima composição de pegada do último álbum chamado “Ilhas”, o qual o VDO está divulgando nesta turnê, eles surpreenderam os fanzocas mais antigos de plantão ao tocarem uma fiel versão para a maravilhosa Trópico que faz parte originalmente do 1º EP de 1986! Acachapante, Etérea, Iluminada... Ao ouvir as notas concisas emitidas pelo baixo de Gabriel Costa, as primeiras lágrimas comovidas começaram a tomar conta deste que vos escreve (mais tarde, ficaríamos sabendo que a inclusão de Trópico no setlist foi escolha do mogiano Fernando)... Luz, também do 1º álbum, viria em seguida para balançar de vez nossas consciências, seguida de Eyes Like Butterflies que se trata de uma composição do Invisible Opera Co. of Tibet – projeto paralelo do VDO.

De uma breve pausa se fez outro petardo do 1º álbum, Faces, em versão onírica recheada de teclados psicodélicos e da voz etérea de Fábio Golfetti que insistia em hipnotizar os presentes. A tremedeira nos sentimentos e a subsequente crise de lágrimas incontidas se manifestou então neste que digita estas linhas quando Mr Golfetti anunciou que a próxima peça seria uma homenagem ao grupo que mais influenciou o VDO, Pink Floyd. Os glissandos emitidos pelo guitarrista logo me trouxeram a imagem do Coliseu de Pompéia vazio. Sim, se tratava de Echoes - obra máxima dos ingleses, tocada em sua integralidade e com perfeição ímpar! 22 minutos de uma odisséia mental e sísmicos espasmos orgásticos, se essa palavra realmente existir...

Uma looonga saraivada de aplausos dos sortudos presentes agradeceram enfaticamente pelo presente recebido, palmas que foram logo retribuidas por Vênus, do segundo álbum, e Júpiter, outra do disco Ilhas que teve uma belíssima introdução tocada por Fernando Cardoso em um piano de cauda que estava estrategicamente disposto sobre o palco.

Voltando ao primeiro álbum, a esplêndida Declínio de Maio trouxe ao Teatro todo o clima de uma noite de outono que – coincidentemente – se fazia lá fora, seguida então da faixa-título do 2º álbum Em Toda Parte e fechando maravilhosamente o set, chaparam os ouvidos dos menos avisados com Tomorrow Never Knows, o "som-de-uma-nota-só” dos Beatles fase Revolver (apesar de ser creditada a Lennon/McCartney, foi escrita por John Lennon em adaptação ao livro de Timothy Leary baseado no "Livro Tibetano dos Mortos". É considerada como uma das primeiras peças da psicodelia, onde suas letras duelam com aspectos espirituais agregadas à evidente influência Indiana destacada por trás da melodia).


Ledo engano para aqueles que pensavam que a odisséia teria terminado. Após alguns minutos de insistentes pedidos de bis, eis que o VDO retorna ao palco do Theatro Vasquez mandando Mulher na Montanha, única música tocada de seu terceiro álbum que leva este mesmo nome, para em seguida fechar gloriosamente esta inesquecível apresentação com a clássica e melancólica Outono. O que restaria após esta overdose de psicodelia em hi-fi? Cantar no extremo do mundo, esperar em silêncio profundo...

== setlist ==
NOTURNO DESERTO
DIA ETERNO
BLUES
TRÓPICO
LUZ
EYES LIKE BUTTERFLIES
FACES
ECHOES (Pink Floyd)
VENUS
JUPITER
DECLINIO DE MAIO
EM TODA PARTE
TOMORROW NEVER KNOWS (The Beatles)

== bis ==
MULHER NA MONTANHA
OUTONO

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