quarta-feira, 12 de maio de 2010

RESENHA: FESTIVAL LUMIÈRE NA LIVRARIA DA ESQUINA SOB A ÓTICA DOPEÓIDE

Texto: Regis Vernissage
Fotos: Stéfano Martins / Oswaldo KBÇA Corneti

O dia já fora corrido. Após horas agradabilíssimas como o grande Aurinão e primos queridos na maior concentração de freaks por metro quadrado em Sampa de todos os sábados à tarde - a Praça Benedito Calixto - sob a desculpa de um acarajé com algumas latas de cerveja, uma tapioca com leite condensado, dois pastéis, um caldo de cana e um bom e velho chorinho executado por mestres no assunto, era hora de pegar minha fiel escudeira Nanda Díli Shoozona e nos prepararmos para a noite, que prometia ser longa. Aí uma espiga de milho e um rápido risoto nos dariam a força necessária para encará-la.

Com meia hora de atraso chegamos, carregados, na Livraria da Esquina, sob chuva incessante, descobrindo que Henrik Resek, Thania Deise, Thais Naomi, Marceleza e sua Thais já esperavam a um bom tempo dentro de seus carros uma vez que a casa ainda não havia aberto. Nos próximos 15 minutos chegaram ao mesmo tempo: Zé Ronconi e sua Andrea Maquiladrummer carregando o DJ e mestre cuca Gabriel Ronconi, Duda Dope e o tal enfant terrible Danilo Sevali de um lado; a banca encharcada da chuva formada por Zelenski, Phael, Daniel e sua moça, Athos e Rafão do outro lado (esses meninos são uns roqueiros da porra!); nosso querido KBÇA Corneti caído de pára-quedas de algum edifício muito próximo; e finalmente a van proveniente do vale cheia de Seamuses com suas queridas, amigos, amigas e até um Stéfano Martins brotado ali no meio. E Ike, da Bruna.

Mais uns 15 minutos de blahs, queimação de papinhos e fofocas rasteiras sob a marquise da Livraria foi o suficiente para os proprietários da casa, Heitor e Denise, chegarem e liberarem o acesso para a colocação das fotografias no ambiente, para a montagem do palco e para a passagem de som que foi feita pela Jane Dope enquanto o pessoal lá fora decidia entre deixar os carros na rua ou no estacionamento. Oh dúvidas!

Já eram 23h30 quando o trio mogiano Cor-Séría iniciou as atividades musicais da noite despejando todo o seu low-fi de guitarras dissonantes, vozes contidas e batera constante para o público já considerável que observava atentamente a esta que foi a primeira apresentação dos rapazes na megalópole alucinática de Sampalândia.



Muitas referências vêm à mente quando falamos sobre o som da Cor-Séría, por isso sintetizar que eles possuem um “quê” de rock inglês de guitarras com vocais em português seria muito limitado da minha parte. Então o melhor é ir até o myspace deles e sacar qual é. Uma coisa que se sacava já durante o set deles é que o som na casa estava muito bom e nítido!

Nesse meio tempo mais pessoas queridas continuavam chegando: o grande Jorge Jordão acompanhado da Vânia Ferreira, a incrível Cris Tavelin, Renatinho Vincebus, Ayuso Monaural, os belos Renata e Fabio Lanches, Jorgera M fucking J, o Up Brother Rick Renan, Paulo Bórgia e mais uma pá de gurizada gente fina pra caralho, que teve a manha de sair de casa embaixo de uma chuva chatinha pra curtir um papo com amigos temperado com um bom e velho roquenrol.

Era hora então de trabalhar um pouco mais, agora vestido de Jane Dope junto das minhas (e meu) comparsas. É sempre complicado falar sobre o próprio trabalho, o que pode acabar parecendo que estamos supervalorizando aquilo que consideramos bacana, mesmo tendo plena noção que toda a unanimidade é burra, mas o importante é que fizemos nosso setlist básico, o mesmo que vem acompanhando os shows da nossa turnê “As 4 Na Augusta” e tivemos uma ótima resposta daqueles que prestavam atenção e tentavam entender o que acontecia afinal!


Ah, e fiquei extremamente satisfeito com o som da minha nova telecaster – Jane para os íntimos. Após terminarmos com Jane Dope: A Diamond On The Road, com a ajuda providencial do Zé “ursinho” Ronconi nos vocais, seu irmão Gabriel que discotecava junto da oriental francofônica e “tímida” Thais, manda logo de cara uma estupenda, incrível e inesperada Rainning Blood!! Sensação latente de função cumprida.


Em menos de 15 minutos a Maquiladora apronta todo o palco e sem aviso prévio descarrega no palco, praticamente na íntegra (mas não na mesma ordem), o seu incrível último cd My Silent Van Gogh sem pausa para respiro e sem muita comunicação com a gurizada, fora um tímido “valeu” daqui e dali provindos da vocalista Thania.


A cada dia que se passa, a evolução na dinâmica da banda é visível. Sob aplausos efusivos e frases do tipo: “o baixista é lésbica!”, teve como uma das cenas da noite a guitar heroin Thais Naomi, provavelmente sob o efeito alcoólico de algum destilado, sentada com as pernas cruzadas sobre o ampli de guita apenas olhando, sorridente.

Nem 20 minutos mais tarde e aquela zona habitual que costuma ser um show do Seamus já se manifestava madrugada adentro com direito a já tradicional invasão de palco e roubo de microfones por parte da piazada roqueira que precisa incondicionalmente gritar e gritar e gritar junto com aquele moço Lalli, o crooner do conjunto.


Luis Meteoro e seus tímidos jumps, quase geeks, grande responsável por todos os barulhinhos, ruidinhos e dissonâncias maravilhosas que texturizam os sons, diagonalizava com Pedrinho Fusco e seu Jazzbass novinho em folha (noite repleta de instrumentos novos), que sonzão daquele bicho vermelho cara!! Só pra pincelar, o set começou com Red e terminou com Experiences With Broken Glass 1 & 2... putz!

O relógio então me pregou uma peça, pois a festa estava bacana e não parecia que ele estava mostrando naquele instante a verdade. Eram exatamente 3h30 da manhã quando um desfalcado Hierofante Púrpura (o batera Hugo Falcão ficou preso em casa, impossibilitado de fazer qualquer movimento uma vez que sua coluna travou devido a um grave problema de disco que o mesmo vem tratando) não se deu por vencido e combinou mais ou menos com os amigos que cada um tocasse batera nos poucos sons que eles mostrariam naquela noite.


Enquanto Danilo Sevali conduzia seus convidados ilustres (Luis Meteoro, o crooner Lalli, Fábio Zelenski, Zé Ronconi) que se arriscaram a tocar pérolas do naipe de Amór Te Quero, Sujeito Sem Brio, Discutindo e Casa - além de mandarem um Ramones... em português! - Gabriel Lima tratava de hipnotizar o resto da gurizada que em uníssono cantava os sons nos microfones roubados do palco (Ike, irmãos Fusco, Stéfano, Thamy, Z, eu, etc), ou seja, uma grande Jam recheada de bêbados. Quer coisa melhor?


Saldo final: o Bequadro Mostarda sai de Mogi, Suzano e Pinda e consegue ir pra Sampa e tirar umas 50 pessoas (fora as bandas) de seus lares confortáveis para a celebração desta festa da música independente que é o itinerante Festival Lumière. Ainda em maio atacaremos o Campus 6 em Mogee Rock City. Junho vem aí e a Bebop em Taubaté que nos aguarde! Julho vem na sequência e tanto a tradicional Óbvio em Pindamonhangaba quanto nossa querida Divina Comédia em Mogee Rock City não perdem por esperar!

6 comentários:

  1. Belo texto rapaz. Resumiu bem essa noite foda de som. Quero mais disso ai.

    Abraços!

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  2. Eu vi o momento exato em que a Thaís pegou meio litro de maria mole e ainda tirou "é docinho, não pega nada"...

    Eu vi o Boe dançando Bowie com a Duda num momento muito particular pra história do rock...

    Eu vi não-bateristas tocando bateria alcoolizados...

    vcs estão fudendo com a minha cabeça! rss

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  3. pois é minha filha... foi escolher ser rockeira!! kkkk
    =)

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  4. ótimo relembrar as memórias que a quinta dose de campari tentou ofuscar, forte abraço Régis e vida longa ao Mostarda!
    Rg_VincebuZZZZ rs

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