Texto: Regis Vernissage
Fotos: Carol Ribeiro & Stefano Martins
Contrariando o gelo que vinha fazendo nas semanas anteriores, este sábado demonstrou-se mais brando em relação à quantidade de roupas que deveríamos levar para a sempre quente Taubatéxas. Chegar ao centro foi coisa fácil e pouco antes de aportarmos na Bebop, encontramos sentados na mesa de num bar de esquina os ilustres Fernando Lalli e Vinícius Pacheco que saboreavam um prazeroso malte dos deuses enquanto se encarregavam de nos informar que naquele instante os meninos imprestáveis da The Vain passavam o som no pico. Lá chegando, tratamos de logo descarregar os instrumentos e fazer o check-in na casa, que se trata de um sobrado que possui bela decoração rocker, mesas de bilhar (que me lembram da chegada triunfal de Stéfano, oh Sté...) e vários ambientes extremamente aconchegantes. Num deles, no piso superior, foi montada a vernissage dos fotógrafos Stéfano Martins, Carol Ribeiro e KBÇA Corneti que causou frisson durante um bom tempo, uma vez que antes do início das apresentações das bandas o movimento no cômodo designado fora intenso e repleto de roqueiros e roqueiras que apreciavam o belíssimo trabalho que os 3 fotógrafos vêm fazendo. Em dado momento, parecia que o bar inteiro estava lá em cima devido tamanha movimentação, tudo isso animado pela sempre incrível discotecagem do onipresente Gabriel Ronconi que flutua com extrema facilidade entre Slayer e Tom Waits, entre Dinosaur Jr e Motorhead, entre At The Drive-In e Otto...
E então com todas as bandas já presentes foi feito o sorteio da ordem das apresentações. Eram exatamente 23h quando o Seamus tratou logo de abrir a noite com um setlist arrebatador sob o comando de um inspiradíssimo Luis Meteoro & seu delay assassino onde pouco se deu tempo sequer para respirar. Tudo colado assim: Red, Modern Dance, A Year Without Breathing, Blame e Hate Campaign, inclusive essas 3 últimas costuradas da mesma maneira que escutamos no cd SOTCYL. Coisa fina. Coisa para ouvidos atentos. Fiquei sabendo que a banda não ensaia há tempos, mas não importa para nós - simples e mortais tietes - o que acontece lá dentro entre eles, única coisa que deixo aqui bem claro é que música boa e de qualidade “não vira” aqui nestes confins varonis do planeta. Seamus é for export, é pra Glastonbury, é pra Reading, é pra P.A. profi for real.
O mesmo podemos dizer da “relativamente nova” orientação sonora praticada pelos malucos da The Vain que tocaram na sequência seu rock dançante de pegada européia. Apesar da ótima qualidade de som encontrada na casa, fiquei imaginando como seria ouvir num “P.A.zão” de fest gringo as guitarras corrosivas da Guilty Pleasures, os efeitos viajeiras da Modern Kidnapper e a linha de baixo da incrível Gold, músicas que abriram o set da banda e integram seu recém lançado EP Modern Kidnapper. E mais, há tempos não ouvia uma abrasividade sonora tão grandiloquentemente noisy (essa terminologia foi a que mais se aproximou do que esses vândalos fizeram no palco) no encerramento do set deles. Coisa linda de morrer! (Vai aqui a dica para quem é de Mogi: neste sábado 26/06 eles estarão na Divina Comédia absolutamente imperdível!)
Era então hora da Maquiladora mostrar para Taubaté os ótimos sons do seu My Silent Van Gogh como Loc9Nat, Walk Among, Cheap Perfume e Iceberg, sem se esquecer de clássicos como a alcoólatra Too Much Wine que sempre dá brecha para a roda de pogo estabilizar-se perante a galera que impreterivelmente fica de 4 com a qualidade sonora apresentada pela banda. Mais uma vez foi ouvida durante o show a máxima que já está se tornando corriqueira em apresentações Maquiláticas, a tal “DEPILA ELE!”... Um dia hei de descobrir quem foi o Zé que hypou esta máxima... Hora então de queimar um papinho “Con Ayuda” ali fora pra absorver e “tentar reparar” o dano causado pelas 3 bandas e, ao mesmo tempo, preparar terreno para o que havia de vir.
Talvez toda e qualquer palavra que eu tentar expressar aqui será redundante ou sequer conseguirá passar para você, nobre leitor, o que significa ter a 3 metros de você os sorocabanos da incrível INI alterando momentos extremamente barulhentos com uma calmaria que chega a ser muda, agregando-se doses cavalares de psicodelia (principalmente por parte da guita efervescida de Rick Rave) além de uma forte camada de testosterona fluindo por suas composições, sem ser metal nem punk nem crossover. Aliás, sem definições aqui, ok? A INI não foi feita para ser definida, apenas contemplada. Preferencialmente boquiaberto. Tente sobreviver após testemunhar, como disse - a 3 metros de você, uma sequência de Bandeira de Holerites, Do Abismo e o Abismo, Cru, Tché, Becos Ossos Meus e a sensacional performance de palco desses malucos! Eu piscava vorazmente tentando morder meu maxilar e me beliscava constantemente pra saber se ainda estava vivo até então... Minutos mais tarde, afinando instrumentos no backstage para o set da Jane Dope, estava completamente atordoado com a potência sonora da INI que, em minha opinião, resolveu a noite com sua sensacional Caixa do Macaco.
Foi tudo muito rápido, olhei no celular pra fazer o efeito louco da intro Dopióide e acusava 2h20, ajeitamos então os efeitos necessários praquela sensacional musiquinha sopa, diria trilha sonora de motel barato, seguida de uma breve bolha para abrir nossos serviços para os poucos amigos que ainda restavam na noite (a grande maioria estava lá indiscutivelmente para ver Seamus e The Vain - mas teve uma rapa de sortudo que ficou e pirou com Maquila e INI) incluindo aí as guerreiras Gigi, Camilona, o graaaande Gummer e nossa incrível ex Duda Itálica dos Teclados, acompanhados pelos INI sangue boníssimos, os irmãos Ronconi e mais uns 3 ou 4 sobreviventes da apresentação do INI. Para a Jane Dope foi interessante, nos sentimos como fazendo um ensaio aberto para amigos queridos, tocando os 4 sons do EP, versões remodeladas para a nova formação “de 4” (uiui) da Nap e Radiograve, além das novas Jane Dope: A Diamond On The Road, Oh Ann e MissJeeJee que deverão também fazer parte de nosso próximo trabalho de estúdio. Por ser o primeiro show com a formação nova “de 4” com nosso grande (enooorme) Eder Odorizzi, acreditamos ter cumprido nosso papel junto à puta Jane, apesar dos erros que são naturais e os palcos estão aí para isso mesmo, para improvisarmos a vida.
A volta para casa enfim ao som do novíssimo Heligoland pra acalmar a gurizada, o pitstop já tradicional no Frango Assando, os pedágios e serras, a entrega da rapeize e a chegada em casa no alvorecer dominical de uma fria manhã de junho não mentem: a satisfação e o zunido no ouvido adquiridos indicam que chegamos de mais um Festival Lumière. E julho está batendo em nossas portas com Lumière em Pinda na Choperia Óbvio em dose dupla (dias 03 e 04) e na semana seguinte em Mogi na Divina Comédia (dia 10). E então, vai ficar aí paradão?
Foi tão bom!!! Tanta gente bacana, bonita, amigos, bilhar, música boa! Ahazou, galera!
ResponderExcluirEstarei sempre que puder.
: )
Foi uma honra tocar no Lumière num dia com tantas bandas boas. foi fudido.
ResponderExcluirPêu
Vamos trazer um Lumiere pra cá???
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